terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O povo quer saber



No último dia 1º de dezembro o nosso confrade Pe. Anísio José Schwirkowski deixou a secretaria geral dos dehonianos (da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus). Queremos saber o porque dessa saída e um pouco sobre o futuro dele.

Confira a entrevista:

Bocca di Roma: Podemos saber qual foi o motivo principal da sua saída da secretaria geral?
Pe. Anísio: Fui ordenado sacerdote em janeiro de 2005, dois meses depois já estava em Roma para o serviço na Curia, sendo o vice-secretario geral, e para estudar, ao mesmo tempo. Em outubro de 2006, o Superior geral me convidou para ser o secretário geral. Os quase 6 anos de trabalho na Cúria geral foram um bom começo para um jovem sacerdote. O proprio Pe. Ornelas é do parecer que um religioso não deva ficar muito tempo como colaborador geral. Juntando esses dois principais motivos, mais o desejo de tornar brevemente ao Brasil para um serviço pastoral, pedi para ser subsitituido na secretaria.

Bocca di Roma: Saiu para estudar?
Pe. Anísio: Não necessariamente. Gostaria na verdade de voltar ao Brasil. Porém, já no ano passado, durante a Assembleia da BM, o Superior provincial, Pe. Léo, me pediu para voltar com um “diploma”. Pensei em continuar o mestrado que havia iniciado na Universidade Gregoriana, em Teologia Espiritual. Ele mesmo me sugeriu outro curso. Na verdade adivinhou aquilo que estava no meu coração e que nem eu mesmo tinha expressado. O Pe. Léo pediu-me para estudar Pastoral da Juventude, na Pontificia Universidade Salesiana (curso que seria até 2012).

Bocca di Roma: Destaque um momento importante do seu serviço na Cúria Geral.
Pe. Anísio: Lembro-me com gratidão a experiência de organizar o XXII Capitulo geral. Realmente para quem nem havia participado de um Capitulo provincial...Não foi fácil, foi um grande desafio. Aprendei muito a delegar funções a pessoas competentes. Este foi o segredo do êxito deste último grande encontro em nossa Congregação: a soma da organização de muitos confrades de qualidade. Na verdade, eu fui o “gerente” desses talentos.

Bocca di Roma: Qual a sua visão atual da Congregação?
Pe. Anísio: É muito abrangente. Não é completa, mas é privilegiada. Tive acesso a documentos, decisões e práticas que saiam diretamente da fonte. Justamente por causa do serviço que tinha, agora conheço muitas realidades pelo mundo: Itália, Alemanha, Espanha, Polônia, Portugal, Estados Unidos, Suíça, Indonésia e Austrália. Sou grato pela oportunidade que a Congregação me ofereceu. O que sou devo a ela e sei que não posso simplesmente mudar de endereço sem continuar contribuindo. Aliás, já me convidaram para fazer parte da Comissão preparatória da próxima Conferência Geral, que será na Alemanha em 2012. Então, continuo colaborando, porém de forma diferente. E também sei que, voltando para minha província de origem, terei que colaborar com aquilo que recebi aqui em Roma. Voltando à sua questão, minha visão é ampla, positiva e de esperança. Temos muitos desafios, mas, ao mesmo tempo, muitas possibilidades. A abertura de novas missões (Ciad e Paraguai) é prova disso.

Bocca di Roma: Então, valeu a pena essa experiência internacional?
Pe. Anísio: Não só valeu a pena como faz parte das três grandes prioridades do atual Governo geral (Espiritualidade, Formação e Internacionalidade). Muitos ainda continuam com certo medo de vir a Roma. Algumas tentativas não foram positivas. Isso é normal, mas não revalida a rica experiência de uma grande maioria que gostou e que hoje enriquece sua província.

Bocca di Roma: Conte-nos sobre algum evento importante vivido em Roma.
Pe. Anísio: Consegui participar de muitos eventos nesta cidade conhecida como “eterna”: Seminários, Congressos, Cursos etc. Sem contar as audiências gerais e grandes celebrações no Vaticano. Destaco dois momentos marcantes pra mim. O primeiro foi chegar na semana da morte de João Paulo II. Eu estava na praça São Pedro. Fiquei naquela enorme fila para vê-lo pela ultima vez. E, na semana seguinte, também, por deuscidência, que seria longo contar aqui, vi a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina e esperei a primeira bênção do neo-eleito Papa Joseph Ratzinger. O segundo momento marcante foi a audiência particular com o Santo Padre, Bento XVI. Era 3 de setembro de 2009. Fui a convite de D. Eduardo Pinheiro, bispo auxiliar de Campo Grande e referencial do Setor Juventude, da CNBB. O encontro foi em Castel Gandolfo. Falei com o Santo Padre que sou dehoniano e ele recordou-se da nossa casa geral, dizendo que temos um bonito jardim e uma ótima biblioteca (risos). Também falei da minha origem e cidade São Bento do Sul. Bento XVI perguntou onde se situava etc. E, sem dúvida, conversamos sobre a possibilidade de uma Jornada Mundial da Juventude no Brasil, depois da Espanha.

Bocca di Roma: A propósito, teremos uma JMJ no Brasil, depois de Madri?
Pe. Anísio: O Brasil é um dos países que se candidatou para sediar uma Jornada Mundial da Juventude. A candidatura é pública. Ela foi feita no encontro do Papa com os jovens – em São Paulo, no Pacaembu, em maio de 2007. Isto não é segredo. Duas cidades se colocaram à disposição: Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Estamos aguardando a decisão da Santa Sé. A resposta definitiva teremos somente no final da JMJ de Madri, isto é, final de agosto de 2011. E’ o Santo Padre quem faz a comunicação oficial. Uma JMJ no Brasil seria uma oportunidade ímpar para os jovens brasileiros e também para outros jovens do mundo, que conheceriam a vivacidade da nossa Igreja.

Bocca di Roma: Cuidar da candidatura do Brasil para a JMJ é um dos seus trabalhos pastorais em Roma. Que outros serviços conseguiu realizar em Roma, nesses quase 6 anos, além de ser o secretario geral?
Pe. Anísio: Continuo ajudando o Setor Juventude, da CNBB, no contato com o Pontifício Conselho para os Leigos, no Vaticano – sessão Juventude. Quando posso, colaboro nas grandes transmissões da Rádio Vaticano. Tenho contato com as comunidades de brasileiros que estão em Roma, com a mídia brasileira que está aqui e com as embaixadas. Mas, na verdade, a pastoral que faço mesmo é em Priverno. Uma pequena cidade a 50 minutos daqui. Quando me chamam, vou lá para ministrar o sacramento da reconciliação e presidir a Eucaristia.

Bocca di Roma: Alguma consideração ao final desta nossa entrevista?
Pe. Anísio: Gratidão! Esta é a minha palavra e sentimento. Sou grato a Deus e a tantos confrades que conheci neste período. Graças a Deus, fiz muitos amigos. A saudade do Brasil sempre foi compensada pela amizade sincera dos brasileiros que moram aqui e também dos “novos” amigos italianos. Sou consciente de que, agora estudando, a minha missão continua. Obrigado pela oportunidade desta entrevista.

Um comentário:

Rede Latino-americana de Doutrina Social disse...

Parabéns Pe. Anisio, mas esqueceu de falar de um grande dom teu; o de saber acolher quem chega, com carinho, disponibilidade e cordialidade. Que voce não perca a essencia do carisma dehoniano. Eu te agradeço pela acolhida dada. Grande abraço

Rosana